Nem sei…

 

(Ficção)

Folheio a revista Gente…enquanto aguardo a minha vez no dentista.

Passo as páginas a velocidade média, não sou, grande apreciadora deste tipo de publicação, sei que satisfaz, a necessidade de curiosidade das pessoas, em relação à vida dos famosos. Hoje em dia, são muitos os que procuram ter fama, a fama abre portas para oportunidades de carreira, relações e festas de elite. No tempo em que eu era criança (há pouquinho tempo atrás) lembro-me que ter fama não era uma coisa boa…

 

-Olha para aquela, que ali vai… Tem cá, uma fama…

 

Os sinais de alarme ligavam, como que avisando… ser famoso é mau, tem cuidadinho.

 

-D. Catarina?

-Sim? respondo

A senhora vai já a seguir a este senhordiz a administrativa do dentista

 

Pois, vou já a seguir a esse senhor (penso)…que calor… começo a sentir 

S.V.D.D F (súbita vontade de dar de frosques)

Aqui estou eu a entregar-me a esta senhora que me espeta agulhas na boca 

e diz:

 

-Magoei-a um bocadinho não foi? Eu sei! Mas esta boca está uma desgraça!

Oh minha grande**** uma desgraça está o teu traseiro! Que mais parece a comemoração da união dos montes cantábricos!

Ai! Grito

Magoei outra vez? Diz a dentista.

 

Encolho os ombros, não posso falar… e estou desconfiada que os meus pensamentos ouvem-se…Talvez tenha de pensar mais baixinho…

Por fim dou por mim a eclipsar-me mentalmente dali. Estou longe quase que contigo tocar nos pirilampos, uma leve brisa beija-me o rosto.

 

Está prontinho, são 50€!

 

O pirilampo fala… Abro os olhos e vejo a dentista a levantar-se, tu não  es um pirilampo… levanto-me também. Pago, e a dentista diz:

-Faltam mais 3 secções até o dente ficar pronto, vamos marcar com 

intervalos de 15 dias.

 

Aceno que sim com a cabeça, esta menina esta doida, se pensa que venho cá outra vez. Já me estou a a imaginar a increve-la no programa de pesos pesados anonimamente, uma certa alegria invade-me sórdidamente. Nada que ela não precisasse.

Além disso, estou desconfiada que ela me arranja um dente e me estraga outro, para que eu tenha de andar sempre aqui.

A administrativa sorri palidamente, eu também não. Desço as escadas do consultório pesadamente e penso se eu fosse famosa  iria aquelas clínicas que se vêem na televisão, onde uma linda moça sorridente está sentada na cadeira de um dentista e este lhe aplica uma luz azul, como por magia os dentes ficam branquíssimos e reparados, perfeito! Com este pensamento reparo que não estou a sorrir… estou a babar-me. (O.K. isto não aconteceu) Lenço. Óculos. Porta a fechar.

 

Crónicas da Ana

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